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Transformação do Vidro

O vidro plano, diferentemente da maioria dos produtos de vidro, depois de pronto pode ser utilizado diretamente ou sofrer diversas transformações que lhe agregam valor ou mesmo o transformam em um novo produto.

Espelho

Um exemplo típico são os espelhos. Na verdade o que reflete a imagem não é o vidro, mas uma fina camada de prata que é aplicada em sua superfície. O vidro só tem a função de suportar a prata e, por ser uma superfície perfeitamente lisa, não distorce as imagens. A prata também se oxida em contato com o ar e como o vidro é totalmente impermeável, a protege. Para se fazer um espelho, do lado oposto ao vidro, várias camadas são adicionadas após a aplicação da prata, tanto para protegê-la como para impedir que alguma luz atravesse o vidro e atrapalhe a observação da imagem refletida.

Vidro temperado

A têmpera aplicada ao vidro é uma forma de aumentar de 3 a 5 vezes a sua resistência mecânica. O principio da têmpera se baseia no fato de que, quando o vidro esfria mais rapidamente (mais desordenado), tende a ocupar maior espaço do que vidro esfriado lentamente (mais ordenado).

Para se temperar uma chapa de vidro ela é aquecida até que quase comece a escoar. Em seguida se esfria com jatos de ar direcionados por toda a sua superfície. Desta forma o vidro que está na camada externa, como se fosse a sua pele, esfria rapidamente com o jato de ar. Porém o vidro do centro, que está protegido pela pele, se esfria lentamente (o vidro é um mau condutor de calor).

No final do processo, o vidro da pele ocupa um volume maior, como se ele quisesse crescer, mas fica impedido pelo núcleo que ocupa um volume menor e quer se encolher. Isso tudo gera uma tensão de compressão na superfície que impede, ou ao menos dificulta, qualquer defeito superficial de se tornar uma trinca que quebraria o vidro.

Entretanto se por alguma razão alguma trinca penetrar no vidro e atingir a zona em tração no núcleo, o vidro se quebra em muitos pedaços. Esta é uma vantagem do vidro temperado, chamado muitas vezes de “vidro de segurança”, pois por não se quebrar em pedaços grandes tem menos chances de ferir pessoas e normalmente os ferimentos são menos importantes.

O esquema da Figura 56 mostra a quebra em três tipos de vidro: o primeiro é um recozido, que é o vidro como sai do processo float; o segundo é um vidro laminado constituído por duas lâminas de vidro recozido com uma camada interna de um plástico especial, chamado de polivinilbutiral ou PVB, que adere ao vidro, não interferindo em sua transparência, e segurando firmemente os cacos, em caso de quebra evitando-se assim riscos de cortes nas pessoas que estiverem próximas; e o terceiro é um vidro temperado que se quebra (com mais dificuldade) em muitos pedaços pequenos e com os bordos arredondados.

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Figura 56: Quebra de vidro recozido; laminado e temperado.

Os para-brisas de todos os veículos são fabricados em vidro laminado por questões de segurança. Em caso de quebra, o vão não fica vazado e se pode prosseguir a viagem, além de gerar menos riscos ao condutor e passageiros. O vidro temperado, quando se quebra, produz muitos fragmentos e pode atingir o rosto dos ocupantes do veículo. Se por outro lado ele quebrar e ficar no local, a visibilidade do motorista será prejudicada e, em casos assim, por instinto, é comum brecar violentamente o carro e sofrer colisão traseira.

Os demais vidros dos veículos são temperados.

O carro da foto da Figura 57 está apoiado sobre um vidro temperado e a cabine telefônica da foto da Figura 58, vandalizada, também tinha vidro temperado, e a da Figura 59 vidro laminado. O plástico garante o fechamento e a segurança tanto do imóvel como de pessoas que estivessem por perto e poderiam se machucar se fosse vidro recozido ou mesmo temperado.

O plástico intercalar pode ser de diversas cores com aplicações muito interessantes em arquitetura. Um exemplo é o edifício da foto da Figura 60.

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Figura 57: Carro sobre vidro temperado

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Figura 58: Aspecto da quebra de vidro temperado.

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Figura 59: Aspecto da quebra de vidro laminado.

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Figura 60: Exemplo de aplicação de vidro laminado colorido na arquitetura.

Revestimentos superficiais

Vários tipos de revestimentos superficiais podem ser adicionados ao vidro melhorando algumas de suas características e agregando outras novas. A seguir são apresentados três exemplos:

A Figura 61 mostra a foto de um vidro auto-limpante que possui um revestimento superficial que, com a ação da luz, reage com partículas de sujeira depositadas na superfície eliminando-as e, assim, reduzindo a necessidade de limpeza. Eles são ótimos em aplicações onde o difícil acesso torna complicada a limpeza.

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Figura 61: Vidro normal X auto-limpante

A Figura 62 mostra a foto de um vidro antirreflexo muito empregado em vitrines de lojas de rua. Durante o dia o lado externo da loja é muito mais claro que o seu interior. Quando se olha para a vitrine, parte desta claridade é refletida pelo vidro o que impede ou pelo menos atrapalha a observação do interior da loja. Nos vidros antirreflexo a claridade é muito menos refletida e fica mais fácil observar o interior da loja. E este é justamente o objetivo do lojista, exibir seus produtos. Nesta foto, para efeito de comparação um vidro antirreflexo está instalado ao lado de um vidro normal.

Esta aplicação também é muito utilizada em lentes oftálmicas.

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Figura 62: Vitrine montada com uma chapa de vidro normal (à esquerda) onde o reflexo do exterior dificulta a visualização do interior e uma chapa de vidro antirreflexo (à direita).

Vidros semi-refletivos refletem parte da luz solar incidindo sobre eles reduzindo o aquecimento interno dos edifícios. A foto da Figura 63 mostra algumas aplicações deste tipo de vidro na arquitetura.

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Figura 63: Exemplos de aplicações de vidros semi-reflexivos.

Os vidros de baixa emissividade também conhecidos com Low E (sua designação em inglês) são uma evolução a partir dos semi-refletivos. Eles deixam passar toda a luz visível e, portanto não dão aquele aspecto de espelho dos anteriores, mas impedem a passagem da radiação infravermelha responsável pelo aquecimento.

Eles são aplicados em refrigeradores comerciais de bares e supermercados que precisam exibir os produtos e não deixam o calor entrar nos mesmos evitando assim necessidade de maior consumo de energia na refrigeração.

O mesmo acontece em residências. Em clima frio não deixa o calor do aquecimento interno se evadir pela janela e em clima quente não deixa o calor do exterior penetrar no imóvel. Isso gera conforto térmico e economia de energia e indiretamente redução de emissões de gases produtores de efeito estufa.

A figura 64 mostra alguns exemplos de aplicações de vidros de baixa emissividade.

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Figura 64: Aplicações típicas de vidro de baixa emissividade.

Vidros podem ser pintados com uma tinta que adere a sua superfície permanecendo para sempre. Essas tintas são à base de vidros coloridos que com o aquecimento se fundem e se soldam á superfície do vidro. Inúmeras aplicações podem ser realizadas com este recurso. A Figura 65 mostra alguns exemplos de aplicações destas tintas realizadas pelo processo de silk screen, o mesmo empregado para aplicação de desenhos em tecidos.

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Figura 65: Exemplo de vidros pintados

Um ponto fraco do vidro em imóveis que é a resistência à passagem de fogo em caso de incêndio também já foi solucionado com vidros laminados especialmente projetados para esse fim.Vidros a prova de fogo apresentam o mesmo aspecto dos utilizados cotidianamente, mas garantem a segurança de pessoas e equipamentos em caso de sinistro alem de reduzir prêmios de seguro impostos pelas seguradoras. A Figura 66 mostra um ensaio deste tipo de produto que resistiu à intensa ação das chamas.

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Figura 66: Vidros a prova de fogo

Já existe no mercado vidros que ao apertar de um botão se tornam transparentes ou opacos dependendo da vontade do utilizador dispensando cortinas e alternando privacidade e possibilidade de observação. As fotos da Figura 67 mostram as duas situações deste produto: transparente e opaco.

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Figura 67: Vidro que se torna opaco ou transparente com o apertar de um botão.

Vidros foto crômicos permitem escolher o nível de escurecimento desejado para o mesmo. São muito adequados para tetos de veículos. As fotos da Figura 68 são alguns exemplos.

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Figura 68: Vidros foto crômicos que permitem escolher o nível de escurecimento.

Vidros foto cromáticos podem ser considerados materiais inteligentes que clareiam quando há pouca incidência de luz no ambiente e escurecem quando há muita luz. São muito empregados em lentes oftálmicas como mostra a Figura 69.

Figura 69: Lentes foto cromáticas

Vidros muito finos e extremamente resistentes a riscos e quebras são aplicados hoje em tablets, telefones celulares, computadores, etc..A Figura 70 mostra alguns desses artefatos.

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Figura 70: Vidros extremamente finos e resistentes aplicados em tablets, fones e televisores.

Vidros são imbatíveis nos sistemas de aproveitamento da energia solar quer seja no aquecimento quer seja na transformação da luz em energia elétrica em dispositivos foto-voltaicos como pode ser observado nas fotos da Figura 71.

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Figura 71: Aplicação de vidros em artefatos que empregam a luz solar no aquecimento e na produção de energia elétrica

Esses são apenas alguns exemplos de como este material milenar cuja composição não se alterou muito desde milênios continua atual sempre presente, evoluindo e participando ativamente dos desenvolvimentos tecnológicos e da vida das pessoas.

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